quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A vida em ti guardada
















A vida em ti guardada
Deseja ser liberada
Há tanto para fazer
Desfazer
E refazer...
A vida em ti guardada
Deseja quebrar muralhas
Há tanto pra construir
Destruir
E reconstruir...
Há vida em ti guardada
Deseja ser explorada
Há tanto pra conhecer
Desconhecer
E reconhecer
A vida em ti guardada
Deseja ser enxurrada
Há tanto pra fluir
Bela cascata
Transbordada 
A vida em ti guardada
Deseja ser aproveitada
Há tanto para viver
Morrer
E reviver
A vida em ti guardada
Deseja ser desengaveta
Sair do casulo,
Virar borboleta!

Indyara Ribeiro

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Contida!


Eu chego nos diversos locais e lá há muita gente. Pessoas desconhecidas, mas pessoas. Eu queria poder dizer um oi, boa noite, soltar aquele sorriso contido. Queria não precisar ficar controlando os elogios que sinto vontade de fazer, os abraços apertados que gostaria de dar, os beijos e mais beijos no rosto de pessoas tão queridas. Queria dizer bom dia e poder sorrir quando estou passeando com minha cadela na rua e vejo outros correndo, com seus cães também. Queria poder olhar pra os olhos das pessoas e passar a minha porção de alegria. Queria poder dizer: Você está lindo. Está cheiroso. Mas infelizmente vivo em um mundo em que tenho que conter palavras, sentimentos e emoções. Ser espontânea, brincar, conversar, deixar o ambiente descontraído, incentivar, sem que isso trouxesse um imenso peso, o de ser mal interpretada. Queria sorrir sem que isso implicasse em um pensamento equivocado de que estou dando abertura demais ou ousadia. Queria dizer com a alma o meu simples “boa tarde”, sem que isso gerasse uma imagem de mulher oferecida.
Interessante é que algumas pessoas precisam se conter pra não soltar palavras duras, desaforos, verdades nuas, sinceras demais. Já eu? Preciso me conter pra não dizer da beleza e do quanto a presença do outro me faz bem. Preciso aprender a dizer menos “Eu te amo”, “Você é importante pra mim” “Você é fantástico”, pra ver se algum dia, o  ser espontânea não me cause tantos danos, tantas conversas para explicar que aquilo não é outra coisa senão demonstração de carinho, por amizade. Desejo um dia ser melhor interpretada. Como sou. Da forma que sou. Mas o que mais desejo, acima de qualquer coisa, é viver num mundo em que as pessoas saibam o valor de reconhecer o outro, de amar sem medo, de ter amizades de verdade, de alma.
Com amor,
Indyara Ribeiro.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Final feliz!























Sofri com inverdades.
E quem nunca?
Já vivi decepções imensas,
Dores densas,
E ainda assim,
Mesmo que difícil pra mim,
Continuo acreditando,
Mergulhando, amando!
Jorge Vercillo tem razão,
Mas eu vou na contra-mão.
Tive diversos finais felizes,
Daqueles imprescindíveis,
Para que outros começos pudessem surgir.
Hoje eu só quero um bom início,
Pra nem ter que pensar no fim.
Posso até mergulhar,
Mas afogar-me no outro?
Não mais. Jamais.
Sou portadora de um tanque torrencial
Com o combustível perfeito, essencial.
Amor à vida hoje é o meu cais.
A tudo refaz!
Chega de fingimentos,
De falsos vetores e sentimentos.
Anseio verdade!
É o que em mim arde,
A mais rara obra de arte.
E se o final acontecer,
Vai ser sempre como flor de lis,
Final feliz.

Indyara Ribeiro

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Ah... Meu intercâmbio!

Concurso?
Outro país!
Estabilidade?
Incertezas!
Em casa?
Outra cultura!
Guarda roupas?
Mochilão!
Constância?
Inconstância!
Funcionária pública?
Brasileira em terra dos outros!
Português?
Inglês!
Site de provas respondidas?
Links de provas para serem feitas
Respostas comentadas?
Perguntas sem respostas!
Dormir acordada?
Sonhar sem conseguir dormir!
Experiência confortável?
Oportunidade  única!
Comida caseira?
Comida que nunca vi!
Família pra acolher?
Amizades que irei fazer!
Objetividade?
Subjetividade!
Vídeos de aulas?
Aulas de vida!
Ficou claro alguma coisa?
Talvez nada!
É uma nuvem quase constante.
Intercâmbio de idéias incessantes,
De dúvidas instigantes,
De um certo “estrangeirismo”,
No mundo incerto,
Onde chove o desconhecido.
Mas num piscar de olhos,
Pode passar a ser colorido!
Caminho novo,
Sol aberto,
Tesouro guardado,
Desvendado,
Descoberto!
Não mais pintinho,
Debaixo das asas,
Nem mais adolescente
Com o pedido de sempre,
Quase intransigente.
Agora, mulher a viajar,
Passarinho a voar!

Indyara Ribeiro

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Trajetos!














(Será que você tem um tempo para oferecer a esse texto? Levando em consideração o tempo que gastei para digitá-lo, se não tiver agora, e estiver muito apressado com os seu afazeres, meu caro leitor, eu peço, gentilmente, que feche esta janela, e retorne quando puder, com uma dose de minutinhos especiais. Caso esteja disposto a fazer uma leitura e a mergulhar inteiramente nela, sinta-se mais do que bem-vindo a um mundo muito íntimo - este que, desde já, se descortina à você. Vamos lá.)

Era noite nublada, super abafada e eu observava meus pais chegarem a casa. Cansados do dia intenso de trabalho, ainda mais, era segunda feira, o dia em que o gostinho suave do final de semana definitivamente acaba e o ânimo passa longe. Tirando a feira do carro, sacolas e mais sacolas pesadas pra carregar. Contas a pagar. Três filhos, escola das crianças, a luz, a água, a secretária, as babás, a aula de jazz, de piano, de inglês e a natação, eram apenas alguns dos compromissos e das preocupações implícitas. Não sei por que eu, tão nova, percebia. Isso não era dito em palavras. E eu ficava pensando que queria ser adulta um dia, pela liberdade que poderia ter, pelas viagens internacionais que poderia fazer e que só via, babando sozinha, na TV. Por outro lado, desejava ser criança eternamente devido ao medo terrível das contas a pagar. Eu pensava, diariamente, no quão assustador devia ser ter um monte de contas mensais. E essas contas que não param, nunca, de chegar? Que compromisso. Que peso, absurdamente maior que o de todas aquelas sacolas da feira. Mas continuava a ser criança, brincava na rua com a garotada, e, eventualmente, tomava banho na chuva. Corria de um lado para outro, adorava brincar de bandeirinha e baleado. Tinha até um amigo chamado “Cainha” quem eu sempre queria no time, pois ele corria muito e os que ficavam na equipe dele sempre ganhavam. A disputa por ele era a mais certa do jogo! Cidade pequena, passeio na roça,  cheirinho de terra molhada, grama e flores na estrada. Lá era quase o céu, com direito a banho na represa, na cachoeirinha, a dar comida aos peixes, a montar cavalos, a ver  bois, a tirar leite do peito de vaca, a acariciar ovelhas, a jogar milho pra as galinhas, a ver as estripulias dos gatos e a sentir a lambida carinhosa dos cachorros. Ah os cães, minha paixão maior. A infância dos sonhos. Mas no fundo, eu ainda tinha medo, muito medo de crescer, medo do futuro.
Cresci mais um pouco, virei adolescente. Tinha medo de ter um namorado. Tinha medo de gostar de alguém, de estar vulnerável, de envolver-me. Fui a última das minhas amigas a beijar na boca. Tive meu primeiro namorado. Tinha medo de acabar, de frustrar-me, de, dolorosamente, machucar-me. Vivi, ainda que com medo. Acabou. Tive o segundo, e os medos continuaram. Mas vivi também. Tive o terceiro, aproveitei com intensidade e os medos aumentaram. Chegou ao fim e sobrevivi. E sentia saudades da infância. Doce infância.
Tive medo de entrar na faculdade, de ter dificuldades, medo das novidades, dos trabalhos, da cobrança acadêmica, dos professores universitários. Mas comecei. Tive medo do final de semestre, das provas em séries, do estresse.  Tive medo dos estágios. Medo de não me sair bem na primeira experiência, de não saber fazer, de não saber atender, de ter um olhar de reprovação do meu supervisor, apesar do ótimo relacionamento que tínhamos, sem contar que ele era muito amável, e excelente profissional. Tive êxito nos meus estágios básicos. Agora chegou o estágio profissionalizante, último ano de faculdade, atendimento individual, numa sala fechada. Na clínica, apenas eu, no papel de psicóloga e o paciente em minha frente, sentado na poltrona. Só nós. Sem a minha expert e rígida supervisora por perto, sem livros pra consultar, sem direito a dúvida pra poder tirar, sem papel pra anotar, só a mente pra trabalhar. Frio na barriga. Dor de barriga. Suando frio. Coração acelerado, e sorriso no rosto, passando a maior serenidade possível. Um atendimento, e depois outro, e depois outro. “Atenção flutuante”, como chamávamos.  Detalhes pra captar. Olhos vivos. Ouvidos alertas, saber a hora de intervir e de calar. Saber manter o silêncio, por mais que aquilo incomodasse até o último fio do cabeço, no início. Sempre demonstrando segurança. Mas apaixonei-me e apesar do cansaço, foi fantástico. Ainda tinha o trabalho de conclusão de curso, que deixava meu coração quase saindo pela boca. Noites perdidas, chorei de sono, sem poder descansar. Entretanto passei por tudo isso, estudei, estudei, estudei, dedicação integral e consegui, com louvor.
Hoje estou aqui, estudando pra concurso, com saudade da época da faculdade, e com medo de não passar, com medo de demorar, com medo de demasiadamente longe morar, com medo de não saber como será, e por vezes, com medo de desmoronar. Ainda passa por minha cabeça o sonhado intercâmbio que até hoje não tive oportunidade de fazer. E seu eu não fizer por agora, quando é que irei fazer? O sonho não morreu. Ansiosa. Sempre fui! Psicóloga também tem ansiedade, meu querido leitor.  Incertezas, o que há de mais certo no momento atual. E então parei pra observar que eu sempre achava “na próxima etapa vai ser melhor”, apesar de todo o medo. E acabou de cair a ficha. Essencial. Eu sempre terei próximas etapas, próximos obstáculos, próximos desafios, próximas dúvidas, próximas escolhas, próximos medos. Isso não é coisa de criança, nem de adolescente, nem de jovem. Fantasias constantemente estão presentes. É coisa de gente, e a única certeza que me resta é que devo aproveitar o dia de hoje. Eu sempre fiquei na saudade da época anterior. E quando estava lá, sentia medo. Parece simples, teórico,  óbvio não é? Queria que fosse só isso.
 Hoje já não tenho medo das contas, pois sei da minha capacidade pra organizar-me, e consumir o que posso. Já não tenho mais medo de professores, nem de ser reprovada pelas pessoas. Por qualquer pessoa que seja. Já não tenho mais medo de namorar, e acabar, pois entendo que os ciclos fazem parte da trajetória. Já não tenho medo de engravidar na adolescência nem de perder a minha vida afogando-me nas drogas. (Acho que de tanto ouvir histórias tristes nesse sentido, eu morria de medo)!  Já não tenho medo de me impor e dizer que penso diferente em uma situação ou outra. Tenho plena convicção de que posso ser feliz estando solteira, e me divertir muito (mesmo sem pegação). Sei que em algum momento posso novamente encontrar alguém quem me faça suspirar e desejar, ardentemente,  viver uma história que valha a pena, um amor apaixonante de tirar o fôlego, e os pés do chão, do jeito que eu gosto, ainda que agora  eu não esteja em busca disso. Posso ser surpreendida sim. E a cada instante, é uma descoberta. Será que não é a hora de viver o que há? Experimentar, saborear, mergulhar. Se não der certo, não deu. E qual o problema? Amanhã há oportunidade pra tentar. Nova porta pra entrar, nova estrada pra trilhar. Perder o dia de hoje com medo e angústia pelo amanhã,  perder o amanhã com uma saudade terrível do dia de hoje, talvez seja passar uma vida inteira vivendo pela metade. Perdendo o sono, declinando a saúde. E eu não quero isso. Nunca quis. Acredito que muitas vezes não percebi esse meu formato diário.  Amanhã vai ser o medo do casamento acabar? De filhos não querer conceber? Das crianças não saber criar? Dos pais que vão morrer? Do futuro que não consigo ver? Da festa de 15 anos da filha que irei ter? Do príncipe dela não aparecer? Do seu namorado não amadurecer? Do curso universitário que ela vai escolher? Dos netos gêmeos que vão nascer?  Dos amigos que não terei a oportunidade de conviver? Dos dias que passarei sem colocar os pintinhos debaixo das asas? Dos poucos anos que restam pra viver?  Do bisnetos que talvez não consiga ver nascer? Da festa de 110 anos que é provável que não tenha forças pra fazer com minhas próprias mãos, detalhe por detalhe? Do medo de adoecer, não poder bailar, ficar limitada e morrer?
O que vai acontecer? Sinceramente eu não sei. Nunca soube ontem, nem antes de ontem, nem quando era adolescente, nem quando era criança. O que eu sei mesmo é que estou disposta a deixar o medo pra lá, simplesmente caminhar. Se eu tropeçar, passo a dançar. Se eu cair, vou levantar. Se eu tiver receio, correrei pros meus amigos. Se eu tiver dificuldades, procurarei quem possa me ajudar a desembaraçá-las. E eu sei que terei tudo isso. O temor e o abrigo.  O abraço quentinho que dá toda segurança e revigora meu ser. Se eu desistir, não há nada que qualquer pessoa possa fazer. Todavia, se eu continuar, esforçar-me, como sempre fiz, e perseverar, haverá algumas raras flores delicadas no caminho, com cores surreais, apesar dos espinhos fininhos. Um sol brando apesar da chuva forte, a coragem sobrepondo qualquer medo, a vida gritando mais alto que a morte. Vou lembrar que a cada primavera que eu completar, também terei o verão pra ficar bronzeada, tomar banho de mar, mergulhar e ficar toda boba por sentir o peso da água em meu cabelo, e ele ainda maior, batendo quase no quadril. Terei o outono pra frutificar e super orgulhosa com os doces e vistosos produtos. E ainda, o inverno para encher-me de casaco, calças, meias grossas, nos dias gélidos. Por vezes, hibernar no quarto e permanecer debaixo da coberta até a temperatura aumentar. E se eu cansar? A palavra de ordem é recomeçar.  Estufar o peito, inspirar com a alma, abrir as asas, virar águia e experimentar voar, aprendendo o segredo e os risos guardados no renovar... Por que agora, só agora eu desvendei o mistério: Sem tanta padronização, adivinhação, critério ou formato prévio, a vida é um terno aprendizado de como reinventar.


Indyara Ribeiro.

Santo!

















É tanta romaria
Da noite à alvorada
Santo que ali jazia
Sepultura imaculada

Evangelho camuflado
Por completo travestido
Discurso de que tudo é pecado
E tem que ser santo, sempre contido

Ser o não poder ser
Ser a morte de cada dia
Ser o não poder viver
Ser que contém sua euforia

Ouvir música é errado
Movimentar o corpo não é de Deus
Quem dança no mundo é ateu
A referência é fariseu!

Filme que não seja sacrossanto? Proibido!
Ir à casa de um amigo, jamais permitido
Namorar, nem pensar,
Ser humano é se anular.

A regra aqui é muito clara:
Só se pode julgar!
É tanto santo com celeste morada,
Garantida no “blá blá blá”.

Apontar o dedo é razão,
Dizer que o irmão vai pro inferno, coração!
Ser juiz sem fazer direito é super comum
Mas não pense que é privilégio pra qualquer um!

Pescador de homem por natureza
Fere a boca alheia na tentativa de capturar
Degrada almas fazendo “proeza”
Numa ironia singular...

Em pele de ovelha,
Pura essência de lobo,
Hipocrisia perfumada,
Santo...do pau oco!


Indyara Ribeiro

(P.S: Tenho o maior respeito por cristão que vivem o que pregam, que espalham amor, e tenho grandes exemplos disso em minha vida. No entanto essa é uma crítica com base no que experiencio diariamente, pessoas que vivem na teoria, e na prática, nada. Espalham ódio e julgamentos ao próximo, e se acham superiores aos demais.)

domingo, 16 de novembro de 2014

A concurseira
















Desculpa, mas não estou conseguindo estudar.
Eu sento e dedico horas do meu dia
Na tentativa de me concentrar.
Psicologia, direito, português,
Raciocínio lógico pra resolver de uma vez.
E logo, desconcentro-me,
Desconcerto-me.
Leio a primeira lei.
E vou direto para a transgressão!
A poesia fala tão alto,
De forma que tira qualquer atenção.
Eu tento. Eu busco. Reluto.
Digo que não vou escrever.
Ela diz: É hora!
Eu brigo: Não é!
Bato o pé.
Continuo a minha leitura.
Na segunda linha
Ela grita em meus ouvidos...
Ah não!
Peço silêncio!
Peço de novo!
Imploro. Repito.
[Tampões em meus ouvidos.]
Coloco-me firme. Resisto.
Volto para a segunda linha.
E lá vem ela, de novo.
Desisto.
Por que ela me sacode,
Coloca tudo em ordem.
Ela entra e sai
E costura-me de um jeito,
Faz qualquer artéria rompida
Voltar a funcionamento perfeito.
Começo a deixar a fluir.
Escrevo um poema,
E depois outro.
Troco versos, faço prosa,
Poetizo as conversas em órbita.
Dou risada. Gargalhadas!
Construo tudo, e também nada.
Passo horas escrevendo
Aquilo que, involuntariamente,
Está aqui dentro,
No ‘espaço’ que se chama mente.
Por favor, alguém me ensina a não ser poeta?
Estou em estado de alerta.
E quando quero deitar e dormir...
Computador desligado,
Neurônios desativados,
A poesia me obriga a pegar o caderno
E a escrever mais versos,
Ternos, fluidos, sinceros.
Ser poeta é a minha essência,
E é tão ruim querer deixar de ser.
É terrível ser quem não se é.
Desespero-me!
Nunca me senti tão improdutiva,
Sem conseguir estudar.
Desculpa. Tenho que admitir.
Nunca rendi tanto em minha vida.
Não estou perdida.
Apenas registro o que o coração diz,
Às vezes, calado.
Estou longe de ser profissional.
Apenas é o meu eu se despindo.
Meu singelo pulsar sentindo.
Estou nua, como a lua,
E embora pareça estar tudo escuro
Dizem que emano luz, sem querer.
Talvez porque eu escreva cheia, sem pensar.
E quando penso que está na hora de minguar,
Tudo errado.
A poesia vem novamente a me despertar.
Desculpa, mãe...
Mas eu não estou conseguindo estudar.
Aliás, tem concurso pra ser poeta?

Vou olhar o edital!

Indyara Ribeiro

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Desvendando meu enigma!















Por ser entregue
Não pense que não sei recuar
Por ser mergulho
Não pense que pode me afogar
Por ser peixe
Não pense que eu não canso de nadar
Por ser calmaria
Não pense que sou todo dia
Por ser expansão
Não pense que me espalho assim
Por ser alegria
Não pense que não choro
Por ser riso largo
Não pense que me ilude
Por ser chuva forte
Não pense que venho devastar
Por ser furacão
Não pense que estou sempre em erupção
Por ser sol intenso
Não pense que queimo
Por ser luz
Não pense que não gosto de escuro
Por ser delicada
Não pense que sou santa
Por ser boa
Não pense que sou perfeita
Por ser tranqüila
Não pense que sou besta
Por te respeitar
Não pense que vai me mandar
Por ser palavra,
Não tente me decifrar,
Por calar
Não pense que eu concordo
Por dormir
Não pense que não acordo
Por falar
Não pense que sei de tudo
Por ser compreensão
Não pense que sou anulação
Por ser rio
Não pense que sou sempre doce
Por ser correnteza
Não pense que vou te desesperar
Por ser pássaro
Não pense que me pode “engaiolar”
Por ser tímida
Não pense que sou presa
Por “não jogar”
Não pense que não entendo de jogo
Por ser discreta
Não duvide da minha percepção aguçada
Por ser canto
Não pense que eu grito
Por ser brado
Não pense que assusto
Por ser atenção
Não pense que estou em sua mão
Por ser companheirismo
Não pense que não tenho amigos
Por ir ao seu mundo
Não pense que não tenho o meu
Por me cuidar
Não pense que rejeito seus afagos
Por usar meus casacos num dia frio
Não pense que dispenso seu abraço quente
Por ser limite
Não pense que sou instransponível
Por ser flor
Não pense que não tenho espinhos
Por ser menina
Não pense que não sou mulher
Por saber me proteger
Não pense que sou barreira
Por escrever
Não pense que gosto de me expor
Por ser lembrança
Não pense que não se pode deletar
Por ser música
Não pense que eu não desafino
Por ser dança
Não pense que não tropeço
Por ser alma
Não pense que não sou corpo
Por ser corpo
Não pense que sou só isso,
Por ser paixão
Não pense que sou cegueira
Por ser universo
Não pense que sou inalcançável
Por ser poesia
Não tente me enquadrar
Por te querer bem
Não pense que me quero mal
Por ser amor
Não pense que é incondicional.
Por ser...
Não pense...
Apenas SEJA também.


Indyara Ribeiro

O remédio!













Aaaaaaai...

Tá doendo!
Socorro!
Isso dói!!!
Isso assa
Isso corrói
Isso tritura
Isso esmaga.
Socorro!
O pior é que não existe,
Até então,
Remédio pra sarar logo.
Eu bem queria aquela receita
De uma fórmula específica
Feita pra mim.
Com toda essa tecnologia
Não inventaram algo tão útil?
Eu não me importaria
Se fosse caro.
Eu pagaria o preço,
De qualquer jeito!
Eu dava um jeito!
Eu não ia ligar
Se eu tivesse que passar
Uma semana tomando,
Ou um ano inteiro pagando.
Podia ser em creme,
Em gel,
Pra passar em cima,
E passar urgentemente.
O que eu queria é que curasse
Tudo... De uma vez!
Mas essa dor,
Causada por um falso amor
Não pode ser erradicada.
Estou fadada...
A senti-la.
Talvez, suma,
Algum dia,
Repentinamente,
Com um amor verdadeiro.
[Quando é que você chega mesmo?]
Não tenho pressa,
Sou super tranquila.
Mas agora?
Estou ansiosa. Nervosa.
O meu coração está em carne viva.

Indyara Ribeiro

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Suspiros...



















A sua respiração
Em meus lábios
Sentindo o cheiro
Da minha pele
Seus olhos, fechados.
Inspira
Expira
Amoleço
Vou fechando os meus
Sinto o seu cheiro
Tão peculiar.
Inspiro
Expiro
Toques suaves
E a gente vai...
Suspirando,
Ouvindo a canção
Em intensa paixão,
Respirando emoção
Sentindo a primavera
E o cheiro
De terra,
Semeando,
Colhendo,
Lado a lado,
Sensibilidade,
Unidade.
O cravo,
A rosa,
Paixão em perfume,
À flor, da pele.

Indyara Ribeiro

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Escreva. Insisto, escreva!
















Quando tentar escrever, não imite!
Não fique preocupada com o jogo de palavras
Não imponha uma regra ou limite
É certo que você pode admirar poetas nobres
Mas não deixe sua poesia pobre
Dê a ela toda a riqueza que só você possui.
Insegurança é normal.
Mas logo você percebe que quem escreve é anormal.
É a poesia sem muito sentido
É o coração sentido, expressivo.
O que faz a poesia ser exclusiva
É a paixão a ela atribuída.
E paixão não se imita.
Portanto, faça a sua poesia fluir.
Há um artista que só você conhece.
Ou não.
E se você desconhecer,
Descubra, e apresente-o a nós,
Pois o que eu mais quero,
Não é ver “poesia profissional”.
É ouvir a sua voz.

Indyara Ribeiro

O viver!




Pau
Pedra
Ladeira
Granizo
Deserto
[Caminho...]
Fome
Sono
Canseira
Dor
[Corro...]
Chuva
Sol
Flores
Frutos
Frio
Calor
[Desacelero...]
Inspiro
Expiro
Lareira
Vinho
Brisa
Cheiro de terra
Cheiro de mar...
Uma comidinha gostosa
Um suco pra refrescar
Renovo minhas energias
[E volto a caminhar...]
Apesar dos obstáculos
Viver é contagioso.
É o lado bom e o ruim
É o dia e a noite.
É a lágrima de quem escala
A montanha e chega ao topo
E a lágrima de quem chega
Ao fundo do poço.
É ganhar experiência
É amadurecer,
E se o viver fosse apenas riso
Seria um viver raso.
Mas quem quiser viver uma vida
Diferente dessa,
Vá para outro mundo
Por que nesse aqui
Viver é estar exposto
E é pra quem tá disposto
A pagar o preço de uma vida
Com estações muito bem definidas.
E, às vezes, é a completa indefinição.
Indyara Ribeiro




segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Poesia no sangue

Criando este espaço com o objetivo de compartilhar a poesia da minha vida com vocês. O nome foi o primeiro que pensei, por estar num momento bem "poesia no sangue" mesmo. Quero também conhecer outros mundos aqui, e sei que será uma honra e uma delícia essa troca.
Como a abertura, deixo aqui pra vcs...

"SOB CONTROLE?"


















Controlo-me para não ver
E mudo o foco
Controlo-me para não te encontrar
E mudo o rumo
Quando inevitavelmente perto,
Controlo-me para não me bater em você
Adianto os passos.
Controlo-me para não ouvir sua voz
E coloco tampões.
Controlo-me para não falar
E calo.
Controlo-me para manter o silêncio
E mantenho-o.
Controlo-me para não manter contato
E desligo o telefone.
Controlo-me para não abraçar você
E fico bem distante.
Controlo-me para não me deixar ser tocada,
E não me deixo.
Controlo-me para não ver as fotos,
Difícil, mas consigo.
Controlo-me para ser forte,
Ainda que muita vezes sinta-me fraca,
Controlo-me quando estou já sem forças
E até consigo não desmoronar.
Controlo-me por horas, semanas, meses...
Ainda que eu não tenha controle do tempo.
Controlo-me com tudo
Controlo-me com nada
Tudo o que envolve você!
Mas será que até o homem mais experiente
Tem controle sobre  a mente e o coração?
Intrigante.
Frustrante!
Assim eu descubro, nesse tempo chuvoso e escuro,
Que o passar dos anos, nesse caso, não vai adiantar
Já que o mais difícil de controlar,
Não está nos dias, na rua, ali, acolá,
O SENTIR e o PENSAR estão aqui dentro.
 E por mais brasileira que eu seja,
Agora não posso driblar.

Indyara Ribeiro.