sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

A natureza do seu encanto!















Meu amor,
Olha que lua espetacular!
Mas sem você não há luar,
Ela disse no ouvido meu
Que aquela beleza é reflexo seu!

Meu amor,
Olha o imenso céu estrelado,
Natalino, todo iluminado,
Mas sem você nada é assim bonito,
A estrela me contou: é reflexo do seu brilho!

Meu amor,
Olha o encanto do mar,
Parece sem fim, não poder acabar.
Mas nada disso seria tão lindo
Se eu não pudesse mergulhar em teu riso,

Meu amor,
Sem você ia ser tudo deserto, seco, incerto.
Mas caem gostas de chuva quando você canta
Enche o meu mar,
E eu me derramo ao te amar!


Indyara Ribeiro

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O que é mesmo poesia?



















Quem é o poeta pra afirmar
Que a minha poesia não vai se encaixar?
Dispenso delimitações ao escrever
Jogo pela janela a métrica,
A rima, a forma correta.
Se o escrever é libertador,
Ficarei presa às normas, às regras?
O prazer de dizer,
De falar o não pensado,
Ou até o muito pensado,
De traduzir o inefável,
Está justamente em VIVER,
Inclusive no escrever.
E eu “dis – penso”
Tudo o que possa parecer amarras,
E me prendo...
À liberdade da minha subjetividade.
Pois a arte de ser poeta consiste, antes de tudo,

Na liberdade.

Indyara Ribeiro

domingo, 28 de dezembro de 2014

Revelações...














Eu fico olhando essa gente “esperta”
Que acha que todo mundo é bobo,
Que todo mundo tem cara de tolo.
Se pareço?
Problema de quem achar.
Ah eu tenho que confessar!
Serenidade não quer dizer “bobagem”
Ter paz, não é ser idiota.
Ser sutil não é ser despercebida.
Ser mulher não é ser vulgar,
Nem é ter que na rua se mostrar.
Ter peito não é perder o respeito,
Ter bunda não é ser vagabunda,
E quer saber?
Ter corpo não tão importante quanto caráter ter.
Possuir um sorriso meigo no rosto,
Não é anular o lado feroz...
Sou amor,
Sou fervor.
Sou lareira,
Quente, muito quente,
Mas sei ser uma pedra de gelo,
Iceberg com ponta fina.
Sei ser céu,
E também inferno.
Não me abro pra qualquer um,
Ah,  isso é certo.
Sou o incerto,
E também a certeza.
Sou o improvável,
A surpresa,
O inacreditável.
Sou brandura,
Bravura,
Corpo,
E alma.
Sou entrega,
Sou paixão,
Sou doçura,
Sou  loucura
Na mente,
No coração.
Sou tudo,
Pra quem eu eleger.
Sou nada pra quem eu escolher.
Sou uma para ele.
Apenas ele saberá
Alguns dos meus mistérios,
E méritos.
Ele olha, e desvia o olhar,
E chega até sem chegar,
Ele tem a sua forma de marcar,
E de saber me conquistar.
Ele é inteligente,
Sagaz,
Faz mimos,
E me põe a desejar...
Só ele romperá meus silêncios,
As minhas quietudes,
Só ele escutará
A minha intensidade,
E sentirá a temperatura
Da minha pele.
Quando eu estiver entregue...
E achar que posso relaxar,
Dançar,
Respirar,
Deitar,
Despir,
Permitir,
Agir,
Enfim,
Aí é que a noite começa,
Sem multidão,
Sem alarde,
Na privacidade,
Só eu e ele...
E o dia amanhece,
Chuvoso,
Gostoso,
Com cheiro de terra,
Ao som das águas...
Ô manhã preguiçosa,
Dengosa, cheia de manha,
E já com gostinho de quero mais.
[Psiu...
Só eu e ele temos acesso
A tudo o que vivemos em secreto
No apagar das luzes!
Silêncio de poeta
É poesia na certa,
Às vezes, tecida
Debaixo do edredom!]


Indyara Ribeiro

sábado, 27 de dezembro de 2014

O pequeno grande poeta

Conheci um garotinho
Que morava na rua
Ele tinha um caderninho
Que era sua companhia fiel.
Ainda que a vida fosse um fel,
Ele continuava a escrever.
Despia sua alma,
Nua e crua,
Para sempre dizer.
Dizer o que sentia,
Falar do amor,
Da beleza das flores,
Que surgiam em meio ao amargor.
Quase tudo lhe faltava,
A comida era um presente,
O banho era no rio,
Os pais eram ausentes
E a família nunca viu.
Quando a fome doía,
Alimentava-se da poesia.
Aí a chuva carregou seu caderno,
Seu amigo das madrugadas frias,
E muito triste, ele continuou.
Arranjou outro caderno,
E a escrever, se desdobrou.
O seu lençol foi levado,
E o caderno, roubado.
De novo!
Ele se fez novo.
Recomeçou.
Ele não tinha terno,
Mas sabia ser terno.
Ele não tinha carros caros,
Mas sabia ter valor
Ele não tinha uma mansão,
Mas conseguia repousar no chão.
Perdeu tantas poesias,
No entanto, se refazia.
Por que alma de poeta,
O vento não carrega,
A chuva não leva,
E o artista, leve,
Eleva-se em arte,
Sempre nova,
Ainda que num caderno
Velhinho,
Molhado de chuva,
Com a alma desnuda...
E ainda que seu caderno caísse num esgoto,
E meu amigo perdesse tudo outra vez,
Eu diria que ele se refez,
Por inteiro novo,
Na sua inspiração,
Inesgotável.


Indyara Ribeiro

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Um diálogo: Razão X Coração


O que você quer mesmo?  - Pergunta a razão.
Sabe que eu não sei? – Responde, meio confuso, o coração.
- Como você não sabe? Pensa um pouco!
- Pensar? Eu só sinto, geralmente com uma intensidade absurda!
- Essa sua mania é perigosa, ao extremo.
- Logo você vem me falar de extremo? Você só pensa, pensa, pensa. E pensar demais, cansa.
- E sentir demais, é exposição. Mata.
- E não sentir, mata mais rápido!
- Já que sou razão, deixa eu pensar... O que fazer?
-Você não vive sem mim. E eu não vivo sem você!

Um feliz natal, cheio de paz, amor, e equilíbrio!

Indyara Ribeiro

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

A DANÇA
















Timidez...
Vá agora!
Eu ordeno
E condenso
Toda a minha vontade,
Que sempre invade.
Medo?
Extirpado!
Tabus
Vão embora.
Dança!
De rosto colado!
Não é errado.
Se piso no pé,
Relaxo, todos sabem como é.
Se cair
Posso levantar,
Reinventar.
E você?
Está esperando o quê?
Se surgir dúvida,
Ou medo insistente,
Verá a sua força recorrente.
Basta ter um amigo sorridente
Um parceiro paciente
Para então  uma dança contente
E aí qualquer dor
Será sanada,
Quando dançando,
De alma lavada.

(Indyara Ribeiro)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Silêncio assassino














Às vezes está enjoado de tanto estresse
Enojado desse mundo corrido
Em que só se trata de trabalho.
Vomitou comida por ter engolido,
Aflito, palavras vivas.
Antes fossem ditas,
Mas ficaram ali, remoídas,
Estragadas,
Causando indigestão.
Depois morreu,
Com o golpe do silêncio,
Que deveria romper-se,
Mas devido à paralisia “palavral”
O que rompeu mesmo,
Foi  a veia da vida,
A via de saída,
Que já estava sendo rompida,
E interrompida,
A cada calar indesejado.
Maldito silêncio.
“Fala,  porra!”
Antes que morra.
E você fica aí impressionado
Com o meu eu  (in)delicado
Mas ignora o silêncio,
Iminente perigo,
Que se não tiver cuidado,
Mata, inclusive você.
E nem venha dizer que foi assassinato,
Nesse caso é suicídio velado.

Indyara Ribeiro